14.2.08

Paraíso na Educação...


ÚLTIMA TENTAÇÃO
E então ela quis tentá-lo definitivamente. Olhou bem em volta, com extrema atenção. Mas só conseguiu encontrar uma pêra pequenina e pálida.
Ficaram os dois numa desesperante frustação.
Não há dúvida que o Paraíso está a tornar-se cada vez mais chato!

Mário Henrique Leiria

13.2.08

Science fiction?...



Students in the (near) future?
«Na forma de lei de 11 de Junho de 1880...



...as câmaras para fazer face às despesas,
na falta de receitas próprias a tal destinadas,
são obrigadas a lançar um imposto especial para a instrução primária,
directo ou indirecto,
que poderão atingir o equivalente ao produto 15% adicionais às contribuições gerais directas do Estado»


(Capela, 2000:29)Almeida, A. de J. O papel dos municípios na educação em Portugal
Revista Iberoamericana de Educación (ISSN: 1681-5653)

7.2.08

Remoínho...


[...]
Tu, que te dizes Homem!
Tu, que te alfaiatas de modas
e, fazes cartazes dos fatos que vestes
p'ra que se não vejam as nódoas de baixo!
Tu, qu'inventaste as Ciências e as Filosofias,
as Políticas, as Artes e as Leis,
e outros quebra-cabeças de sala
e outros dramas de grande espectáculo...
Tu, que aperfeiçoas a arte de matar...
Tu, que descobriste o cabo da Boa-Esperança
e o Caminho Marítimo da Índia
e as duas Américas,
e que levaste a chatisse a estas terras,
e que trouxeste de lá mais Chatos pràqui
e qu'inda por cima cantaste estes Feitos...
Tu, qu'inventaste a chatisse e o balão,
e que farto de te chateares no chão
te foste chatear no ar,
e qu'inda foste inventar os submarinos
pr'a te chateares também debaixo d'água...
Tu, que tens a mania das Invenções e das Descobertas
e que nunca descobriste que eras bruto,
e que nunca inventaste a maneira de o não seres...
Tu consegues ser cada vez mais besta
e a este progresso chamas Civilização![...]

A Cena do Ódio
Almada Negreiros

2.2.08

A mentira... ou... a Confiança Cómoda



A maior parte da nossa confiança nos outros é frequentes vezes constituída de preguiça, egoísmo e vaidade: preguiça quando, para não investigar, vigiar e agir, preferimos confiar em outrem; egoísmo quando a necessidade de falar dos nossos negócios nos leva a confidenciar-lhes algo; vaidade quando uma coisa nos torna orgulhosos. No entanto, exigimos que se honre a nossa confiança.
Por outro lado, nunca deveríamos irritar-nos com a desconfiança, pois nela reside um elogio à probidade, ou seja, é a admissão sincera da sua extrema raridade que faz com que entre no rol das coisas de cuja existência duvidamos.

Arthur Schopenhauer, in 'Aforismos para a Sabedoria de Vida'

13.2.07

E onde acaba a Demo desta cracia?


Discussão

- Desconfio que a democracia não resulta. Juntam-se astronautas,
bodes,
camponeses, galinhas, matemáticos e virgens loucas e dão-se a todos
os
mesmos direitos.
Isso parece-me um erro cósmico.
Desculpa.
Desculpei mas fiquei ofendido. Que a democracia era aquilo mesmo, e
ainda
com conversa fiada como brinde, isso sabia eu. Que mo viessem
dizer,
era outra coisa.
Fiquei ainda mais ofendido, até porque não gosto
de erros cósmicos.
Acho um snobismo.
- Eu sou democrático - rugi entre
dentes, como resposta. - Tenho amigos no exílio,
todos democráticos.
Foram para lá por serem democráticos. É um sacrifício que poucos
fazem,
ir para o exílio e ser professor universitário exilado e
democrático.
Eras capaz de fazer isso ?
- Não sou democrático.
Não
havia resposta a dar. nenhuma. Ele não era democrático, não
sabia de
democracia.
Eu sim, sou democrático, até já quis ir à América, que me
afirmaram que
lá é que é a democracia.
Recusaram-me o visto no passaporte,
disseram que eu era comunista!
Viram isto ?


Mário Henrique Leiria
Contos do Gin-Tonic